Espetáculo da atriz Takaiúna em parceria com dramaturga e diretora boliviana Claudia Eid Asbún foi contemplado pelo Fundo de Arte e Cultura de Goiás.
O espetáculo “1888”, da atriz brasileira Takaiúna em parceria com a dramaturga e diretora boliviana Claudia Eid Asbún, estreia nesta segunda (21/11), às 19h, na Escola do Futuro Luiz Rassi, em Aparecida de Goiânia. A obra autoral é resultado do projeto de formação em escrita dramatúrgica “Dramaturgia Emergente”, contemplado no edital 7/2017 do Fundo de Arte e Cultura de Goiás (FAC).
A montagem aborda a experiência de ser uma mulher preta na América Latina, através da história de Justina, durante conversa com um bebê sobre a vida e a liberdade. A encenação se passa entre 1535 e 2022.
De acordo com Claudia Eid, diretora da peça, obra acontece no universo da medicina ancestral que conecta tanto com a Bolívia como com o Brasil. “Durante a apresentação, questões em comum nos ajudam a perceber que somos uma única região que vive as cicatrizes da colonização”, destaca.
O texto foi escrito durante o processo de formação continuada e faz parte de um repertório de dramaturgia própria. Segundo Takaiúna, atriz e proponente do projeto, montar um texto autoral “era um sonho” guardado há muito tempo. “Poder realizá-lo é uma conquista pessoal, mas, também coletiva”, esclarece Takaiúna.
A proponente do projeto também avalia que o exercício de trazer para cena as histórias criadas, e que de certa maneira alcançam um passado ancestral, têm muitos significados. “Tratar de assuntos que foram silenciados por estruturas coloniais e patriarcais no teatro brasileiro e latino-americano é um desses significados”, pontua.
São previstas quatro sessões nos meses de novembro e dezembro, todos com entrada gratuita. A próxima apresentação já está marcada para 22 de novembro, no Instituto Federal de Goiás Câmpus Aparecida , às 20h. A classificação indicativa é 18 anos. Após as apresentações, serão mediadas rodas de conversa, a partir do processo de montagem.
Sobre a obra
´1888´’ é o resultado da formação em dramaturgia própria realizada pela atriz brasileira Takaiúna em parceria com a dramaturga e diretora boliviana Claudia Eid Asbún, em 2022.
Durante o processo de construção dramatúrgica da obra, as pesquisadoras buscaram uma escrita que pudesse ser como rede a trançar as memórias da atriz afro-brasileira com a experiência de ser uma mulher preta na América Latina.
Os elementos-pontes, termo cunhado durante a investigação cênica pela atriz para definir os elementos da cena que possuem uma cosmologia comum dentro do território latino-americano, se cruzam e se personificam na personagem Justina, uma mulher que vive no Brasil no ano de 1888.
As questões apresentadas em cena reconhecem a permanência dos rastros da estrutura escravocrata que são submetidos os corpos de mulheres pretas na América Latina. Elas enfrentam violências físicas, psicológicas, simbólicas e o constante apagamento de suas memórias ancestrais. Dentre esses esquecimentos forçados, a desvalorização dos conhecimentos de ervas e rezas é um deles.
Mulheres que curam vivem hoje em todo território latino-americano. Porém, essa temática, tem encontrado pouco ou quase nenhum espaço nas dramaturgias e encenações latino-americanas. Justina é uma personagem que liga esses elementos em seu corpo de mulher preta e curandeira. Com suas ervas busca a cura de si, das gerações passadas e das futuras.
Sinopse
De 1535 a 2022. A música, a dança e o corpo contam e vivem histórias. Em cena Justina conversa com um bebê sobre a vida e a liberdade. Vozes preenchem o vazio do espaço. O tempo, o vento, os territórios e a ancestralidade comungam da espera. Estamos em 1888, 1889 ou 1892... em algum lugar onde a doença dá passos rápidos. …2000... 2003... em algum lugar onde há doenças 2020, em algum lugar onde a cura dá passos lentos, 2022.
Mulheres que curam vivem hoje em todo território latino-americano. Porém, essa temática, tem encontrado pouco ou quase nenhum espaço nas dramaturgias e encenações latino-americanas. Justina é uma personagem que liga esses elementos em seu corpo de mulher preta e curandeira. Com suas ervas busca a cura de si, das gerações passadas e das futuras.
SERVIÇO
Apresentação 1888 – com roda de conversa no final em todos os dias previstos.
Dia: 21 de novembro de 2022
Horário: 20 h
Local: Escola do Futuro Luiz Rassi, Aparecida de Goiânia
Classificação indicativa: 18 anos
Dia: 22 de novembro de 2022
Horário: Às 19h
Local: Instituto Federal de Goiás/ Campus Aparecida de Goiânia
Classificação indicativa: 18 anos
Dia: 26 de novembro de 2022
Horário: 19 h
Local: Ponto de Cultura Cultura 36, Bonfinópolis
Classificação indicativa: 18 anos
Dia: 10 de dezembro de 2022
Horário: 11 h
Local: Usina Cênica, Senador Canedo
Classificação indicativa: 18 anos
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